HOMENS E MULHERES

10/01/2014 11:19

                        É inquestionável que junto com as mudanças nos costumes nestas últimas décadas veio, também, liberdade sexual. Estaria a mulher pós-moderna encaminhando-se para o sexo casual, o sexo pelo sexo? Estariam nossas filhas e netas, agora liberadas e resolvidas, trabalhando fora em profissões qualificadas, e de igual para igual com os homens adotando, também, o comportamento deles de  preferência acentuada pelo sexo sem compromisso? Podemos ir até mais adiante e perguntarmos se esta modificação, rápida em termos históricos, revolucionou de tal modo as milenares relações e posições do homem e da mulher e que, agora, caminhamos céleres para um recuo da natureza  e a convergência dos sexos que se tornariam semelhantes. Estaríamos próximos da chegada da criatura dual, o andrógino (o homem-mulher). A ilustração mais evocadora do dualismo das criaturas continua sendo o mito do andrógino, posto na boca de Aristófanes por Platão no “Banquete”.

 

                        Os culturalistas radicais  e as feministas de gênero acreditam que fora as nítidas diferenças físicas das criaturas, as diferenças entre os sexos são culturalmente determinadas. – “O homem não tem natureza, o que ele tem é história”, diz um radical. O que determina o sentimento de identidade – saber-se homem ou mulher não é o seu sexo biológico mas as experiências vividas após o nascimento, processo que começa desde a rotulação da criança, pelos pais, como menino ou menina. Azul e caminhãozinho para ele e bonecas e rosa para a princesinha. Decorre disto a necessária distinção entre sexo biológico e o gênero. Gênero se refere ao fato psicológico relativo ao sexo a que o sujeito se sente pertencer e que o impele a representar um papel feminino ou masculino. Os termos sexo e gênero indicam o sentido da separação entre a sexualidade físico-biológica e a sexualidade psicológica e, também, a possibilidade de uma divergência entre os dois. Enquanto sexo e gênero parecem ser, praticamente, congruentes e até sinônimos nas pessoas comuns, nos casos de hermafroditismo, travestismo e transexualismo, fica a evidência de que os dois campos não estão, necessariamente, ligados e podem seguir vias totalmente divergentes.

 

                       O feminismo, também, tem combatido veementemente as afirmações das ciências que propõe uma natureza humana masculina e uma natureza humana feminina. As feministas ressaltam que estas crenças há muito têm sido usadas para justificar o tratamento desigual das mulheres, afirmando que elas possuem uma constituição para a maternidade, a maternagem, e para o lar, e são incapazes, pelas emoções incontroladas, da condução dos negócios e das tratativas políticas.

 

                        Aí, também, para as feministas, entra a questão do assédio sexual e do estupro. Os homens, pela natureza, teriam impulsos irresistíveis para assediar e estuprar mulheres e esta teoria serve para desculpá-los e exigir das mulheres recato, para não despertar estes apetites naturais. As teorias mais adequadas (politicamente corretas) para o feminismo seriam a da tabula rasa – se nada é inato, as diferenças entre os sexos não podem ser inatas e a do bom selvagem – a crença que os seres humanos em seu estado natural são altruístas, pacíficos e serenos e que os males, como a ganância, a ansiedade e a violência, são produtos da civilização. Rousseau (Século XVIII) foi o principal inspirador desta teoria romântica. Assim, se não somos dominados, já ao nascer, por impulsos canalhas, a exploração sexual e os assédios imorais podem ser eliminados mudando-se as instituições (a cultura). Os antropólogos e etnologistas (que estudam os povos primitivos) inspiraram vários cabeçalhos das seções de ciências dos jornais, com afirmação do tipo: “Sexos iguais nas ilhas dos mares do Sul”, que provariam que a sujeição das mulheres pelos homens não é um universal humano e, também, não é inevitável.

 

                        Diferentemente de outras divisões humanas como raça e etnia, em que as diferenças biológicas são, na melhor das hipóteses, desprezíveis e cientificamente destituídas de importância, o gênero não pode ser desconsiderado nos estudos dos seres humanos. Os sexos são tão antigos quanto a vida complexa e é tema fundamental e desenvolvido com êxito na biologia evolucionista – a teoria científica mais robusta da atualidade. Desconsiderar os sexos por motivos ideológicos seria desprezar boa parte da compreensão que temos da criatura. As diferenças entre homens e mulheres afetam todos os aspectos da nossa vida. Todos temos pai e mãe, somos atraídos por membros do sexo oposto (ou notamos o contraste com as pessoas que não o são) e nunca deixamos de perceber, logo de cara, o sexo de nossos parentes, amigos e de todas as pessoas com quem convivemos. Desconsiderar o gênero seria negar uma parte fundamental da condição humana.

 

                        É necessário, então, que repassemos as conclusões mais recentes das ciências da natureza humana e sublinhemos as atuais controvérsias sobre gênero. Na verdade, os homens não são de Marte nem as mulheres são de Vênus. Homens e mulheres originaram-se da África, o berço de nossa espécie, de onde evoluíram juntos como uma única espécie. Possuem, todos, os mesmos genes, com exceção de um punhado no cromossomo Y. Seus cérebros são tão semelhantes que é preciso um expert

com uma lupa para encontrar as pequenas diferenças entre eles. Seus níveis médios de inteligência são iguais, segundo as melhores  avaliações psicométricas....


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