OS SETE EXPERIMENTOS

10/01/2014 10:51

                        Vamos, depois desta introdução, projetar um filme intitulado “Os Sete Experimentos”. Na verdade, são retratados no filme três experimentos. Os outros quatro são apenas citados. O filme baseia-se num livro de um cientista dissidente que professa uma teoria em que os seres vivos estão interligados num campo e se integram no tempo e no espaço. O filme foi selecionado, não pela teoria do Dr. Rupert Sheldrake, mas por ele se referir a um tema que nós não abordamos, ainda, em nosso curso. O da telepatia. Referida principalmente nos dois primeiros experimentos – o com os cães e o do olhar.

 

                        O Dr. Sheldrake afirma que a ciência tende a ignorar aquilo que não sabe explicar. Não é o nosso caso, aqui, aprofundar este tema da validade do conhecimento. Existe um ramo da Filosofia que estuda a investigação científica e o seu produto: o conhecimento científico. Chama-se Epistemologia. Ela estuda os requisitos para que alguma coisa seja considerada conhecimento científico ou não.

 

                        A Filosofia e a Ciência, como as conhecemos, são invenções gregas. O advento da civilização grega que produziu uma explosão da atividade intelectual é um dos acontecimentos mais espetaculares da história do Homem. A noção predominante que percorre toda filosofia grega é o logos, que vamos encontrar compondo os nomes de várias ciências, como Patologia, Epistemologia, Ginecologia, Psicologia, etc... Logos é um termo que tem a conotação de palavra ou discurso, mas também a de medida. Portanto, o discurso filosófico e a investigação científica estão intimamente vinculados. Ao que se sabe, a Filosofia e a Ciência começaram com Thales de Mileto, no início do Século VI  antes de Cristo. Quando se começou a fazer perguntas de caráter geral. Antes da Filosofia e da Ciência os fatos do mundo eram explicados pelos mitos. A Filosofia dos gregos abriu os olhos do Homem para as dualidades que, nos séculos posteriores, os filósofos cientistas de todo o mundo escreveram e discutiram. Na base de tudo está a distinção entre verdade e falsidade. No pensamento grego estes conceitos estão estritamente vinculados aos dualismos do bem e do mal; da harmonia e da discórdia e, também, aos dualismos da aparência e da realidade. Em seguida, temos os dualismos do caos e da ordem e do ilimitado e do limite e,   as   questões da mente e da matéria. Depois de vermos o filme, estará em jogo se são falsas ou verdadeiras as conclusões tiradas pelo Dr. Sheldrake a partir dos experimentos mostrados. Cada um de nós deverá tirar as suas próprias.

 

                        No mundo moderno existem várias coisas que os cientistas nos fizeram compreender muito bem. Temos conhecimento científico que nos permite realizar várias proezas, por exemplo, nas comunicações e na eletrônica. Sabemos, também, muito sobre a constituição e o funcionamento do corpo humano. Os telescópios atuais já vêm astros há bilhões de anos luz e sabemos, até, a sua composição. Todas estas partes do conhecimento, já perfeitamente definidas, pertencem a uma ou a outra ciência. Porém, todos estes campos de conhecimento científico confinam com uma área central nebulosa, fronteiriça, do desconhecido. Quando se chega a esta região limítrofe passa-se da Ciência para a especulação. Esta atividade especulativa é uma espécie de exploração e nisto, entre outras coisas, é que consiste a Filosofia. Vários campos da Ciência começaram como exploração filosófica. Assim que uma Ciência consolida, prossegue de modo mais ou menos independente. Exceto nas questões do método e na área nebulosa a que me referi.

 

                        Vez por outra, as pessoas que pensam fazem muitas perguntas para as quais a Ciência não consegue dar as respostas. Assim, podemos ser tentados a nos fazer perguntas, tais como: Qual o significado da vida? Será que o mundo tem um propósito ou mesmo, será que estas duas perguntas têm algum sentido? Mas, uma destas tem sido questão universal. Saber se o mundo é dividido em duas partes díspares: mente e matéria. E se for assim, como se mantém unidas, ou melhor ainda, como interagem.

 

                        A Neurociência afirma que a mente é o resultado do cérebro funcionando e que os fenômenos mentais se passam dentro de cada indivíduo como produto de uma organização especial da matéria que é igual a que compõe o resto do seu corpo. A comunicação entre duas mentes, então, só se pode efetuar por sinais emitidos pelo corpo de um indivíduo que serão captados pelos órgãos dos sentidos do outro indivíduo e transformados, então, em fatos psíquicos somente dentro da outra mente. O filme fala de fatos telepáticos. Telepatia é uma palavra composta de dois termos gregos: tele, que significa longe e pathos, que significa maneira de sentir. Telepatia, então, é a faculdade de sentir ou conhecer fatos distantes (no tempo ou no espaço) sem que passem pelos sentidos naturais. Não se pode conceber Telepatia dentro dos cânones da ciência neurológica. Para a existência da Telepatia seria preciso um alargamento da mente para que ela pudesse abarcar fenômenos distantes no tempo e no espaço. Freud tem três artigos sobre Telepatia e afirma que ele próprio nunca teve um sonho que pudesse ser entendido como telepático, no sentido de antecipatório ou dando-lhe conhecimento de fatos fora do seu sentido. Mais adiante, diz: - “Durante meus vinte e sete anos de atividade analítica, jamais me foi possível observar um verdadeiro sonho telepático em nenhum de meus pacientes”. Jung, pelo contrário, diz que não se pode duvidar da realidade deste fenômeno.